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sábado, 11 de outubro de 2014

Meninos e Meninas




Eu sempre amei os homens bons. Todos os homens bons. Comecei à la Electra, por meu pai, mas descobri que ele tinha um caso com minha mãe e desisti de cara. E apesar de praticar o heterossexualismo, nunca deixei de amar algumas mulheres admiráveis. 
Meu primeiro amor pelo sexo oposto aconteceu no primeiro ano da escola. Poderia ter sido antes, mas eu perdi muitos anos da minha primeira infância dando uma de difícil. Na próxima encarnação vou parar com essa viadagem e beijar o obstetra na boca assim que cortarem o cordão, para não transformar mamãe em cúmplice. 
O primeiro mesmo foi um alemãozinho loiro, de olhos verdes, muito tímido e não me restava nada a fazer senão correr atrás dele o tempo todo. A ele agradeço até hoje minhas pernas bem torneadas. Não deu em nada, provavelmente porque tínhamos 7 anos de idade. Mas o autor do outro livro, o da vida, incumbiu-se de nos resgatar como personagens e acabei namorando com ele aos 17. Nunca passamos dos beijos na boca e jamais chegamos perto da divisão reprodutiva. Ele, porque só acreditava em sexo depois do casamento. Eu, porque não acreditava em sexo na cama de cima do beliche. 
Entre os 7 e os 10 fui apaixonada por cantores, atores, filhos de vizinhas. Tive um diário para escrever sobre meus amores que virou um marco negro na história de confiança entre eu e as mulheres da família. Minha prima mais velha, descobriu que eu estava apaixonada, contou para minha mãe, que violou meu diário e descobriu meus segredos. Por causa disso, minha mãe me mantinha numa escola só para mulheres. Que tolinha, mamãe. Não sabia que os meninos transitavam soltos pelo mundo e eu, obviamente, arrumei um namorado no ônibus. Ía e voltava da clausura feminina de mãos dadas com meu namoradinho. Sempre recorrente, o destino fez com que ele batesse à minha porta no dia em que fiz 18 anos, alto, feio e incomodamente bêbado para confessar-se ainda apaixonado e causar um constrangimento indescritível. Quem mandou meus pais morarem no mesmo endereço por trinta anos. ?

6 comentários:

  1. rssssssssssssss...Esse final foi hilário,rs Gostei de te ler e cada uma acontece!!! bjs, chica

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  2. Um post que foi uma grata neste domingo chato de chuva e vento. Ri do inicio ao fim.
    Um abraço e bom Domingo.
    http://6feira.blogspot.pt/

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  3. Não foi uma grata. Foi uma gralha, já que o que eu queria dizer era graça
    Um abraço

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  4. Hahahahahaha, é minha amiga, a vida tem dessas coisas e começa assim mesmo... E o amor é lindo, mas já beijar o obstetra logo de cara... Aí não! Aí vc se torna uma menina fácil demais.

    Tenha uma semana abençoada!

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  5. Ola Mari,
    Que delícia de texto! Desculpe mas ri litros por conta do "sexo em cima do beliche", kkkkkkkkk.... Eis uma prova de que não devemos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje, principalmente quando o assunto é amor!

    Abraços.
    Flávio Ribeiro
    portaodoinfinito.blogspot.com.br

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  6. Mari a leveza de teu texto com o desabrochar de um humor agridoce me trouxe inspiração e se desnudou em mim em novas formas da vida. E isso de alguma forma é amor. É o mesmo retrato que se dá nas tuas linhas e que é indizível.

    Abraço carinhoso.

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